
A luta constante entre a ciência e a ética tem vindo a levantar muitos problemas e são escassas as vezes em que se chega a um consenso. Sempre que os cientistas aparentam fazer novos progressos, a ética impõe-se e esbarra-lhes o caminho. É um duelo que parece não ter fim. A técnica de fertilização in vitro recentemente criada, designada “três pais”, reflete este mesmo confronto de que falamos.
Neste processo, é removido o núcleo com DNA do óvulo de uma futura mãe. Tal é feito já que as células desta mulher possuem mitocôndrias não saudáveis. Desta forma, esse núcleo é então transferido para óvulo de uma outra mulher, do qual o núcleo foi removido, partindo do facto que esta possui mitocôndrias saudáveis. Seguidamente, dá-se início à fecundação na qual se formará um embrião saudável, pronto a desenvolver-se.
A realização desta técnica seria, à partida, um enorme benefício para a humanidade. Como sabemos, as mitocôndrias são organelos responsáveis pela produção de energia nas células. Estas, possuindo DNA com defeito, são passíveis de originar vários problemas, nomeadamente, problemas cardíacos, mentais e até cegueira. É aqui que entra a técnica “três pais” – o facto de as mitocôndrias do futuro embrião terem vindo de uma outra mulher previne a manifestação de qualquer um destes problemas, o que, como se percebe, é altamente benéfico.
Contudo, seguir para a frente com esta técnica levanta algumas questões de carácter ético. O uso do DNA mitocondrial de uma terceira pessoa faz com que o futuro bebé possua genes daí provenientes; embora numa percentagem reduzida, é pouco ético que tal aconteça. Por outro lado, o uso indevido desta técnica terá consequências, nomeadamente, poderá levar à manipulação genética. Isto porque tornar-se-á possível escolher as características e aptidões de um futuro indivíduo, o que, mais uma vez, não é nada ético.
Assim, na nossa opinião, deve-se dar prioridade à ciência e permitir que esta progrida. Portanto, neste caso, somos a favor da técnica de fertilização in vitro “três pais”. Consideramos que, sendo um processo útil para evitar embriões com deficiência, deve ser permitido em todos os países, embora com algumas restrições, pois, mesmo dando prioridade à ciência, nunca podemos desprezar a ética; nunca nos podemos esquecer da nossa cultura, dos nossos valores, e sobretudo, da nossa humanidade.
Embora esteja nos genes do ser humano ser apegado à sua cultura e à ética, não devemos deixar que isso seja um entrave ao progresso científico. A ética deve servir, não para travar a ciência, mas para manter um equilíbrio saudável e harmonioso entre ambas pois, se pensarmos bem, os progressos científicos têm vindo a melhorar a vida dos seres humanos – desde as redes sociais à invenção das pipocas para micro-ondas, a ciência tem contribuído para o bem-estar da humanidade. Por isso, não há razão para tentar pôr um ponto final ao trabalho de pessoas que dedicam toda a sua vida à ciência.
Diogo Alves e Fábio Santos (12ºB)